
Regressar com Intenção
Setembro chegou. O ano letivo ainda não começou, mas o ritmo já mudou. Para quem educa, setembro é mais do que um mês no calendário — é um portal. Um tempo de transição entre o que foi e o que está por vir.

Raízes nutridas, frutos abundantes
A educação de infância não se resume a “cuidar de crianças”. É ali que se lançam as primeiras sementes de humanidade. É nesse espaço que a criança aprende a estar com os outros, a reconhecer emoções, a comunicar, a organizar-se e a dar os primeiros passos na sua própria liderança.

Respirar no presente não é luxo
Respirar no presente não é luxo. É necessidade. É o que mantém viva a chama que nos move. Sem esse espaço para recuperar energia, o futuro que queremos construir corre o risco de nascer sobre alicerces frágeis.

Nem Todo o Cansaço Dá Lugar ao Descanso
O ano letivo terminou. Os corredores silenciaram-se, as mochilas foram arrumadas e as crianças e jovens seguem, agora, para as suas férias de verão. Mas este momento — que para muitos simboliza um tempo de pausa — não significa, para todos os agentes educativos, o início de um descanso imediato.

Educar em Tempos de Sobrecarga
A minha experiência mostra-me, todos os dias, que o bem-estar de quem educa está diretamente ligado à qualidade das relações que se constroem em qualquer contexto de aprendizagem — da creche à universidade, da formação contínua ao ensino informal.

Narrativas que Ferem, Escolhas que Curam
Vivemos tempos em que os discursos de medo voltam a ganhar palco. A figura do imigrante — muitas vezes negra, árabe, cigana ou simplesmente “diferente” — volta a ser instrumentalizada como ameaça, como “invasão”, como bode expiatório para problemas que são, na verdade, estruturais.
Esta narrativa não é nova. Mas o que talvez ainda nos custe reconhecer é o quanto ela entra nas escolas, nas creches, nos nossos gestos enquanto educadores e educadoras.

Protopia na Educação: Pequenos Passos com Amor e Consciência
A escola não muda num estalar de dedos. Nem a sociedade. Nem nós, enquanto educadores. Às vezes parece que, perante tantos desafios, deveríamos ser capazes de construir um futuro perfeito, onde todas as crianças aprendem felizes, todos os professores se sentem realizados e cada família confia profundamente na escola. Mas a perfeição paralisa.

Cuidar de quem educa: práticas possíveis no meio do impossível
Há dias em que a rotina nos engole antes mesmo de colocarmos os pés no chão. A escola, as crianças, os alunos, as reuniões, as exigências.
E depois, ainda, os outros papéis todos: mãe, filha, cuidadora, coordenadora, mediadora de conflitos — de fora e de dentro. Fala-se muito sobre o bem-estar de quem educa, mas pouco sobre o que isso significa quando tudo parece impossível.

Quando o propósito se torna cuidado e presença na prática educativa.
Entre burocracias, metas impostas e ritmos acelerados, educar com intenção é mais do que um gesto: é um acto de resistência. Um acto profundamente humano.

O Educador cansado não ensina o que Sabe — Ensina o que está a Sentir.
Há uma verdade silenciosa que paira sobre muitas salas de aula, jardins de infância e reuniões pedagógicas: muitos educadores estão exaustos. Cansados não apenas fisicamente, mas emocional e mentalmente. E esse cansaço tem consequências — não só para quem o carrega, mas também para quem aprende.

Do Controlo à Cocriação
E se liderar uma escola fosse mais como cuidar de um jardim do que gerir uma fábrica? Durante décadas, as instituições educativas seguiram modelos de liderança baseados em estruturas rígidas, inspiradas em lógicas industriais centradas na eficiência e no controlo. Ainda hoje, muitas escolas e jardins de infância operam sob esta lógica. Mas estamos perante uma mudança de época. Num mundo que exige criatividade, empatia e autonomia, torna-se urgente repensar a forma como conduzimos os processos educativos. E é aí que entra a cocriação.

Amor e Consciência na Diversidade Cultural: O que a Escola Precisa Acolher
Numa sociedade cada vez mais plural, a diversidade cultural nas escolas não é uma exceção — é a realidade. No entanto, nem sempre esta diversidade é acolhida de forma consciente, afetiva e equitativa. Educar com amor e consciência é, acima de tudo, reconhecer a riqueza de cada identidade, história e contexto, e transformar a escola num espaço onde todas as culturas são valorizadas e pertencem. Neste artigo, partilho algumas reflexões e práticas que ajudam a tornar esse acolhimento possível — com o coração e com intenção pedagógica clara.

Neurodivergência e Amor: Caminhos para uma Educação Fora da Norma
Amar o que é diferente é amar mais profundamente. A escola tradicional foi desenhada para a média. Mas nenhuma criança é média. Todos os dias, crianças que fogem à norma — que não se encaixam em tempos, testes ou expectativas comportamentais — são confrontadas com rejeição subtil, avaliações desajustadas e afetos condicionados à sua adaptação ao sistema.

Liderança: Pilar Ativo de Liberdade

O que acontece quando não nos organizamos?
No texto anterior, falei da organização como um pilar invisível — um suporte discreto, mas essencial, para que a vida (e a educação) aconteçam com inteireza. Mas e quando esse pilar falha? O que se perde quando não nos organizamos?

Organização: Pilar Invisível, Impacto Real
Num mundo onde a velocidade dita o ritmo das escolas e das famílias, falar de “organização” pode parecer sinónimo de rigidez. Mas, na verdade, a organização consciente é exatamente o oposto: ela é a arte de criar estrutura com flexibilidade, ordem com sentido, tempo com propósito. É um convite a transformar o caos em clareza e a rotina em ritual.

Comunicação Consciente: Ponte para Relações Educativas
No método "Amor e Consciência", a comunicação ocupa um lugar central na prática educativa, constituindo a ponte essencial entre educadores, crianças e as suas famílias. Uma comunicação consciente é muito mais do que transmitir informações; é um convite ao encontro autêntico, à compreensão mútua e ao fortalecimento das relações interpessoais.

Consciência: Pilar de Transformação
No mundo da educação, onde a urgência do dia a dia muitas vezes nos leva a agir no piloto automático, é essencial cultivar um espaço de reflexão e presença. A consciência é o primeiro pilar do método "Educar com Amor e Consciência", pois é a partir dela que todas as outras dimensões da prática educativa se constroem. Um educador que se conhece, que compreende as suas emoções e os seus padrões de comportamento, transforma não só a sua forma de ensinar, mas também o ambiente de aprendizagem e as relações que estabelece.

IA e Autocuidado: O Equilíbrio Possível?
Se é profissional da educação, provavelmente já passou por isto: pouco tempo para planear experiências pedagógicas, um café frio (outra vez!!!) e aquela sensação de que precisa de mais horas no dia… ou um clone. Bem, e se eu lhe dissesse que a solução não é um clone, mas sim a Inteligência Artificial? Calma, ninguém está a sugerir que um robô o substitua – pelo menos, ainda não! Mas a IA pode ser uma excelente aliada no que toca ao autocuidado e bem-estar.

Como a Reflexão Redefine a Prática Educativa
A prática educativa é, antes de tudo, um ato de conexão. Conectar-se com os alunos, com o contexto em que se ensina e, acima de tudo, consigo mesmo. É neste último ponto que a reflexão se torna indispensável. Quando o educador reflete, redescobre o significado do seu papel, identifica caminhos de melhoria e ressignifica a sua prática.