Protopia na Educação: Pequenos Passos com Amor e Consciência

A escola não muda num estalar de dedos. Nem a sociedade. Nem nós, enquanto educadores.

Às vezes parece que, perante tantos desafios, deveríamos ser capazes de construir um futuro perfeito, onde todas as crianças aprendem felizes, todos os professores se sentem realizados e cada família confia profundamente na escola.

Mas a perfeição paralisa.

O ano passado ouvi pela primeira vez o termo protopia, e recentemente ele voltou a surgir na minha vida, como um convite para olhar para a transformação de forma mais gentil, progressiva e realista.

Protopia significa melhorar continuamente, sem procurar uma utopia inalcançável.

Este conceito encaixa-se naquilo que tenho vindo a defender com a minha marca: educar com amor e consciência. Porque educar com amor e consciência é, no fundo, praticar protopia todos os dias.

O futurista Kevin Kelly recorda-nos que “a protopia é um estado de transformação contínua, não um destino”, e esta visão aproxima-se profundamente daquilo que acredito: transformar a educação não se faz de forma repentina nem perfeita, mas sim através de mudanças diárias, vivas, e sustentadas no tempo.

Agora que o ano letivo chega ao fim, abrem-se oportunidades para pequenas reflexões. As férias podem ser um espaço fértil para olharmos para o que correu bem, para o que precisa de ser ajustado, e para semearmos pequenas intenções de melhoria. Não precisamos de esperar por grandes planos de setembro para começar a evoluir: a protopia convida-nos a usar cada pausa, cada final de ciclo, como um momento de aprendizagem e de recomeço.

Significa perguntar:

  • Como posso estar mais presente hoje?

  • O que posso simplificar para reduzir o stress na minha vida pessoal e profissional?

  • Que palavra de encorajamento posso oferecer a mim mesma antes de começar o dia?

Também a investigadora Monica Bielskyte lembra que “os futuros protopianos constroem-se através de processos inclusivos e participativos”. Tal como na educação, onde cada voz deve ser ouvida, e cada gesto conta para semear mudança.

A protopia não é um plano megalómano. É um movimento contínuo, vivo, orgânico.

Quando falamos em formar professores e escolas, gosto de lembrar que transformar a educação não passa só por grandes reformas estruturais, mas também — e sobretudo — pelas microtransformações conscientes, pelo compromisso diário com o bem-estar, pela coragem de fazer diferente, passo a passo.

No meu blog, tenho partilhado semanalmente reflexões para nos inspirarmos a cultivar este movimento. Convido-te a caminhar comigo neste sentido: nem perfeitos, nem desistentes. Apenas atentos e disponíveis para melhorar.

A educação precisa desta força suave. Precisa de educadores e líderes conscientes, que não temam começar pequeno.

Protopia é isso: melhorar um bocadinho todos os dias.

E tu? Que pequeno passo podes dar hoje para aproximar-te da escola que sonhas?

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