Cuidar de quem educa: práticas possíveis no meio do impossível
Há dias em que a rotina nos engole antes mesmo de colocarmos os pés no chão. A escola, as crianças, os alunos, as reuniões, as exigências. E depois, ainda, os outros papéis todos: mãe, filha, cuidadora, coordenadora, mediadora de conflitos — de fora e de dentro.
Fala-se muito sobre o bem-estar de quem educa, mas pouco sobre o que isso significa quando tudo parece impossível. E no entanto, é precisamente nesses dias que o cuidado se torna mais urgente.
O que tenho aprendido — em mim, e com tantas educadoras e educadores que acompanho — é que não se trata de mudar tudo de repente. Trata-se de criar frestas. Pausas. Pequenas práticas que nos devolvem a nós.
Uma das mais poderosas, para mim, é parar na natureza.
Não precisa ser uma floresta, nem uma viagem. Às vezes, é sentar no banco do jardim do bairro, caminhar descalça na varanda, encostar a cabeça num tronco. Quando o mundo acelera, a terra abranda-nos.
E nesses minutos — mesmo que curtos — algo volta a respirar dentro de nós.
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Outra prática que me sustenta são as pausas conscientes.
Aquelas que não são tempo “livre” para continuar a correr por dentro, mas sim momentos de presença.
Respirar fundo antes de entrar na sala de formação. Fechar os olhos por 1 minuto entre duas tarefas. Escrever uma frase ao fim do dia que comece com “hoje, cuidei de mim quando…”.
São pequenos gestos. Mas como tudo o que é essencial, não precisam de ser grandes para fazerem diferença.
Cuidar de quem educa não é só um direito. É uma necessidade estrutural. Porque, como já escrevi e repito com convicção, não há educação consciente sem o cuidado profundo de quem a faz acontecer.
E tu? Que práticas — por mais pequenas que sejam — tens encontrado para cuidar de ti no meio do impossível?