Do Controlo à Cocriação

Liderança educacionalEducação transformadora

16/05

E se liderar uma escola fosse mais como cuidar de um jardim do que gerir uma fábrica? Durante décadas, as instituições educativas seguiram modelos de liderança baseados em estruturas rígidas, inspiradas em lógicas industriais centradas na eficiência e no controlo. Ainda hoje, muitas escolas e jardins de infância operam sob esta lógica. Mas estamos perante uma mudança de época. Num mundo que exige criatividade, empatia e autonomia, torna-se urgente repensar a forma como conduzimos os processos educativos. E é aí que entra a cocriação.

Da Liderança Hierárquica à Liderança com Propósito

A liderança baseada no controlo restringe. Limita. Isola. Pode parecer eficaz, mas raramente transforma. Neste modelo, o gestor escolar é o decisor solitário, e os professores tornam-se executores de decisões alheias. Falta alma. Falta sentido.

Por contraste, a liderança com propósito parte de uma visão coletiva. O líder torna-se facilitador, alguém que escuta, envolve e nutre. Alguém que inspira confiança. Esta abordagem ressoa com as ideias de Parker Palmer, que defende uma educação com alma (Palmer, 1998), e Paulo Freire, com a sua pedagogia do encontro e da escuta (Freire, 1996).

Cocriação: Um Novo Paradigma para as Escolas

Quando deixamos de controlar para passar a cocriar, tudo muda. Relações, processos, aprendizagens. A cocriação assenta na confiança e na horizontalidade. Envolve educadores, crianças, famílias e toda a comunidade educativa num movimento comum.

Imagina uma assembleia em círculo, onde cada voz tem lugar. Um projeto curricular construído a partir das ideias das crianças. Um plano de ação pensado a várias mãos. São estas práticas que alimentam o sentimento de pertença, de cuidado e de responsabilidade partilhada.

Na prática, isto pode traduzir-se em:

Assembleias escolares com participação ativa de alunos;
Reuniões pedagógicas colaborativas e com escuta ativa;
Planeamento participativo de projetos curriculares e comunitários;
Avaliações formativas com feedback construtivo entre pares.

Como refere Peter Senge e colegas, as organizações que aprendem são aquelas que têm a capacidade de criar o futuro em conjunto, através de uma visão partilhada e da aprendizagem em equipa (Senge et al., 2012).

Os Pilares da Liderança Educacional com Propósito

A liderança educacional com propósito não se faz apenas de boas intenções, mas de fundamentos claros que orientam a prática. No meu trabalho, tenho desenvolvido um modelo sustentado por pilares que têm apoiado equipas educativas em processos de transformação real.

Se queres conhecer estes pilares e perceber como podem ser aplicados de forma concreta na tua instituição, convido-te a entrar em contacto. Juntos, podemos explorar caminhos alinhados com os desafios e sonhos da tua comunidade educativa.

Desafios e Possibilidades

A transição do controlo para a cocriação nem sempre é linear. Requer desaprender padrões autoritários, lidar com a incerteza e confiar no coletivo. É um caminho exigente, sim. Mas é também o mais fértil.

Uma escola ou jardim de infância onde se lidera com propósito torna-se um ecossistema de aprendizagem viva. Um espaço onde cada pessoa se sente valorizada, escutada e convocada a contribuir.

Liderar com propósito é um convite a colocar o amor, a consciência e a escuta no centro das práticas educativas. É reconhecer que, na educação, o mais importante não é o controlo, mas sim a capacidade de cocriar, com sentido e intenção, os caminhos que realmente transformam. Se sentes que está na hora de liderar com mais alma e menos peso, esse caminho começa agora. E não estás sozinha (o).

Leituras Recomendadas

Para aprofundar os temas abordados neste artigo, deixo três sugestões essenciais: