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Planeamento Pedagógico: Qual a sua função no desenvolvimento da criança e do educador?

É recorrente deparar-me com planos pedagógicos sejam eles semanais, mensais, trimestrais e até anuais que denunciam a falta de colaboração entre educadoras e coordenação pedagógica. A meu ver sem essa colaboração não se pode esperar grandes mudanças e inovações nas creches e escolas, ficando assim comprometida a aprendizagem das educadoras e das crianças.


O que me faz ter essa crença?

Todas as minhas crenças são assentes nas minhas aprendizagens e naquilo que tenho vivido tanto a nível pessoal como profissional. Apesar de valorizar trabalhar em equipas diversas, o que em muitos momentos implicaram desafios nem sempre fáceis de ultrapassar, a certa altura foi necessário encontrar formas de trabalharmos juntos da maneira mais respeitosa e prática possível, mesmo quando não existia um verdadeiro espírito de colaboração e onde os egos eram maiores do que o propósito que nos unia.


Contudo, em equipas onde o ego estava domado e em que o propósito de fazer um trabalho digno e responsável era maior do que qualquer outra coisa, o impacto na nossa própria aprendizagem e na aprendizagem dos nossos alunos foi particularmente notável.

Uma das frases mais repetidas nas minhas formações é que somos constantes aprendizes e que todos os dias aprendemos com os nossos alunos, principalmente se nos doarmos na verdadeira intenção de conhecermos cada um individualmente.


Existem muitos currículos que defendem uma pedagogia focado no aluno e nos talentos de cada um, mas na prática existe uma preocupação excessiva com a quantidade de ‘trabalhos’ produzidos pelas crianças, para que possam servir de prova de aprendizagem. Em geral, os Pais acreditam que estão a oferecer o melhor para os seus filhos ao exigirem folhas e folhas que provem o que ‘andaram a fazer durante o tempo na creche e escola’. Mas será que uma série de folhas com o alfabeto, números, colagens e outros conteúdos são prova sólida de desenvolvimento da aprendizagem nas mais diversas áreas de conhecimento? Sei que quando as actividades pedagógicas propostas ás crianças exigem muito tempo sentadas e uma fórmula já predefinida de conclusão da tarefa, o que na realidade se está a ensinar é a não pensar, não criar, e viver num formato rígido e limitativo.


O que fazer para mudar esse cenário limitativo e pouco criativo?

Quando as educadoras participam com ideias, reflexões, dúvidas, inquietações em reuniões semanais com a sua coordenação pedagógica, com o objectivo de no fim da reunião deterem um plano semanal flexível e com intenções pedagógicas claras, geralmente os resultados são muito benéficos. É claro que esta é uma das muitas ideias de como tornar este processo de colaboração mais efectivo e com real significado para as equipas e crianças.


Ao planear em equipa pode existir maior probabilidade de partilha de recursos, instrumentos, ferramentas que cada educadora detém e que muitas vezes os colegas não tem conhecimento que essa possibilidade esteve sempre debaixo dos seus olhos. É a oportunidade de perceber que o mesmo jogo pedagógico pode ser adaptado ás diferentes faixas etárias desde que o propósito seja bem definido. É perceber que não é necessário complicar para se atingir os objectivos , afinal menos é mais.


Quando uma equipa se reúne para discutir ideais, muitas portas de desenvolvimento de competência se abrem tanto para os educadores como para as crianças. Mas antes de tudo, é essencial determinar uma visão, missão e objectivos bem explícitos e claros que orientem a prática diária de toda a equipa pedagógica.


Ser educador é ser criança, disse uma das educadoras que formei e eu acrescento que ser educador é resgatar a lembrança daquilo que nos fez feliz enquanto crescíamos, é lembrarmo-nos do impacto que os educadores tiveram no nosso desenvolvimento integral e repensar que tipo de educação infantil faz sentido no nosso contexto e no nosso dia a dia.

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